O actor, realizador e produtor Clint Eastwood completou a 31 de Maio 80 anos, sendo para muitos o “último grande clássico” do cinema.
Conhecido como o homem duro e anti-herói, principalmente como o homem sem nome da “Trilogia dos Dólares” nos western spaghetti de Sergio Leone, em 80 anos, Clint reinventou-se e é hoje um explorador dos sentimentos mais intensos.
Sergio Leone afirmou, “Eu gosto do Clint Eastwood porque ele tem apenas duas expressões faciais. Uma com o chapéu e outra sem ele.”
Com o último filme da "saga dos dólares", a fama de Clint Eastwood disparou e fez com que entrasse totalmente em Hollywood, conseguindo vários trabalhos com Don Siegel, como "Meu Nome é Coogan" (1968), "Os Abutres têm Fome" (1970) e, sobretudo, "O Estranho que Nós Amamos" (1971). Com ele, Eastwood, então apenas actor, apreendeu muito do que desenvolveria mais tarde como cineasta. Foi de Don Siegel, acostumado a trabalhar com orçamento apertado, que Eastwood capturou a capacidade de criar com meios escassos. Naquele mesmo ano estreou-se atrás das câmaras com o thriller "Perversa Paixão" (1971).
Novamente com Siegel, interpretou um dos papéis mais memoráveis da sua carreira, o violento policia Harry Callahan em “Perseguidor Implacável” e que viria a repetir em outros filmes.
No entanto, seria em “Alcatraz – Fuga Impossível” (1979) que a dupla com o realizador renderia os melhores frutos. Nos anos 80, voltou-se novamente para a sua veia de realizador e então, surgiram sucessos como "Impacto Fulminante" (1983), "O Cavaleiro Solitário" (1985) e "O Destemido Senhor da Guerra" (1986).
Ganhou dois Óscares, de melhor filme e o melhor realizador, com "Os Imperdoáveis" (1992), a sua primeira colaboração com o amigo Morgan Freeman. Nos créditos, Eastwood dedica o trabalho a Siegel e Leone.
Doze anos depois repetiu os prémios com "Sonhos Vencidos" (“Million Dollar Baby”). Além disso, foi candidato nas mesmas categorias por "Sobre Meninos e Lobos" (2002) e "Cartas de Iwo Jima" (2006), para o qual compôs a banda sonora.
Desde que filmou, em 1988, "Bird", a biografia do saxofonista Charlie Parker, Eastwood surpreendeu com uma voz e estilo próprios, encadeando trabalhos de cariz emocional e reflexivos.
Foram poucos os que apostaram um futuro no cinema para Eastwood, um bebé que pesava mais de 6 quilos ao nascer, em San Francisco, filho de dois trabalhadores de uma fábrica e que escapou à Guerra da Coreia mantendo-se no quartel como instrutor de natação.
Eastwood teve cinco filhos e sete mulheres – actualmente está casado com Dina Ruiz, com quem vive desde 1996. Nos últimos tempos, chegou a afirmar que "Gran Torino" (2008) seria o seu último trabalho como actor.
Mas a sua carreira como realizador não pareceu abrandar. Em Outubro estreará "Hereafter", um thriller sobrenatural protagonizado por Matt Damon, e prepara-se para filmar um filme baseado na vida do ex-director do FBI, J. Edgar Hoover.
Clint Eastwood foi homenageado em 1995, ao receber o Prémio Memorial Irving G. Thalberg em reconhecimento à sua longa carreira no cinema.